aprendendo

Quem Cristo é?

Uma exposição em Hebreus (Parte 1)

Indo Jesus para os lados de Cesareia de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem? E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas. Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? Mateus 16:13-15

O quadro Ecce Homo foi pintado na primeira metade do século XX. Nele podemos ver claramente uma representação de Jesus. O quadro, como muitas obras de arte, sofreu deterioração com o passar do tempo, fazendo com que alguns pedaços da obra ficassem sem tinta. Contudo, ainda era possível perceber quem o quadro se tratava representar. No século XXI, uma artista se propõe a realizar a restauração do quadro. O que todos pensavam que iria trazer novamente o esplendor daquela obra do século anterior, foi, na verdade, uma completa desfiguração da obra original. A mudança foi tão drástica que não era mais possível perceber os traços do autor, nem a expressão de Jesus portanto sua coroa de espinhos. O que era para nos lembrar da figura de Jesus em seu sofrimento agora nos serve de zombaria, sendo a obra popularmente rebatizada de Ecce mono (eis o macaco). Retoques modernos podem ofuscar a glória da obra original.

Quando abrimos a Bíblia no Novo Testamento, os primeiros livros com os quais nos deparamos são os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João. Cada um deles possui uma narrativa diferente para começar a falar sobre Jesus. Mateus começa seu evangelho falando da ascendência de Jesus, como vemos em Mt 1.1: Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão., com o objetivo de mostrar que Jesus era um descendente direto de uma das figuras mais importantes do Antigo Testamento e que fazia parte da linhagem real de Davi. Lucas começa seu evangelho explicando o motivo da escrita, como vemos em Lc 1. 1-4: Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas oculares e ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem, para que tenhas plena certeza das verdades em que foste instruído. Logo em seguida, ele conta a história de João Batista, aquele que veio para preparar o caminho para o Senhor, mostrando o cumprimento das profecias de Isaías e Malaquias. A narrativa de Lucas mostra como a chegada do Messias era a luz para aquele povo em trevas e subjugado pelo império Romano. Marcos inicia seu evangelho falando do ministério de João Batista, como vemos em Mc 1. 1-4: Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. Conforme está escrito na profecia de Isaías: Eis aí envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho; voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas; apareceu João Batista no deserto, pregando batismo de arrependimento para remissão de pecados. Logo em seguida fala sobre o início do ministério de Jesus, como após o seu batismo Ele começa a pregar o arrependimento e a chegada do Reino de Deus. João, diferente de todos os evangelhos, não começa seu relato a partir da encarnação, mas do Verbo pré existente, aquele que estava com Deus no princípio de tudo e era Deus. Jo 1. No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. Todos esses evangelhos relatam a pessoa e a obra de Cristo. Jesus era o descendente prometido a Abraão, o rei que se assentaria no trono de Davi, aquele que foi profetizado pelos profetas do Antigo Testamento, e aquele que estava no princípio com Deus, era Deus e tudo foi feito por meio dele. Os evangelhos nos fazem ver, mesmo que de forma limitada, esse quadro ilustre do Deus Filho.

Partindo agora para o livro de Hebreus com os primeiros discípulos judeus, vemos que ele foi escrito com o intuito de lidar com o primeiro século. Eles eram judeus que haviam crido na mensagem do evangelho, mas estavam enfrentando dificuldades para permanecer na fé por conta dos desafios que estavam passando. Haviam dúvidas quanto às decisões que haviam tomado, quanto às tribulações que estavam passando e quanto às promessas que haviam recebido. Diante disso, o escritor de Hebreus os alerta de forma pastoral a olhar para Cristo e encontrarem forças em quem Cristo é e na verdade da sua mensagem. Algo curioso é que o livro de Hebreus é meu livro favorito da Bíblia. Perceber a devoção a Cristo em cada versículo deste livro me dá forças para continuar seguindo minha caminhada cristã independente das lutas que passo. Nós vemos a universalidade das Escrituras ao vermos que eu, Bruno, um gentil nascido no século XX, há mais de 10 mil quilômetros de Israel, sem qualquer ascendência judaica, encontro força e esperança ao ler as palavras desse pastor que com tanto amor, dedicação, e sobretudo inspiração do Espírito Santo, escreveu este livro maravilhoso que temos hoje.

Hebreus 1: Antiga e Nova Aliança

Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Hebreus 1:1,2

A forma que o escritor aos Hebreus inicia sua carta é falando da continuidade das Escrituras, assegurando que as Escrituras recebidas pelos israelitas no Antigo Testamento era palavra de Deus, assim como a Palavra enviada pelo Filho era também Palavra de Deus. Isso mostra que o escritor tinha a intenção de mostrar aos seus leitores de que eles estavam inseridos na continuidade daquilo que havia sido pregado no passado. O escritor deixa clara duas coisas:

i) havia uma continuidade da obra que Deus havia iniciado no Antigo Testamento e,

ii) essa continuidade não se daria por profetas da mesma forma que no Antigo Testamento, mas pelo Filho.

Este último ponto é importante porque mostra para aqueles judeus, que tinham tanto apreço pelos profetas, que agora eles haviam recebido uma mensagem que vinha de alguém superior aos profetas, daquele que era o herdeiro de todas as coisas e por quem o universo havia sido feito. Essas passagens nos mostram que não houve uma mudança do Deus do AT para o Deus do NT, houve apenas a continuação daquilo que o próprio Deus havia determinado.Como isso nos afeta hoje? Devemos nos lembrar que as Escrituras, por conta de sua inspiração, respondem problemas que são atemporais. Isso significa que não importa o tempo, encontraremos a resposta nas Escrituras. Pois bem, uma tentação que existe ao olhar para o AT e para o NT é pensar que Deus mudou ou que temos duas personalidades divinas diferentes, tanto que na primeira metade do século II, um homem chamado Marcião desenvolveu uma teologia na qual se pregava que o Deus do AT era um Deus inferior por conta de todas as mortes que havia causado, enquanto o Deus do NT era um Deus bom e superior presente em Jesus Cristo. Para ele, o Novo Testamento, a mensagem do Filho era algo completamente novo, sem qualquer relação com o AT. De forma semelhante, os judeus do primeiro século queriam provar que os judeus cristãos haviam rompido com as promessas do Antigo Testamento, mas era exatamente o contrário. Quem estava rompendo com as promessas do AT eram aqueles que não queriam admitir o cumprimento delas.

A teologia judaica atual, conhecida como judaísmo ortodoxo, até hoje nega Jesus como o Messias e, em algumas de suas correntes, é possível ver o surgimento de profetas com visões afirmando que a vinda do Messias está perto e há também pessoas que escrevem livros que são praticamente considerados como inspirados. Asuma dessas coisas é: os judeus produzem teologia até hoje para negarem Jesus como o Messias e depositarem suas esperanças em um outro.O que isso nos interessa? Ora, o mesmo acontece em nossa geração onde diversos “Jesuses” são mostrados em uma tentativa de suprimir algo da pessoa de Jesus mostrada nas Escrituras. Pessoas que supervalorizam o amor pintam um Jesus paz e amor ultra pacifista, se esquecendo do Jesus que expulsou mercadores do templo e que veio para trazer a espada. Pessoas legalistas pintam um Jesus rígido e sem compaixão, se esquecendo de que Ele mesmo chorou pela morte de um pecador e se revelou a uma mulher que já tivera cinco maridos. Pessoas narcisistas pintam um Jesus que fez tudo por elas porque não conseguiria viver sem elas, se esquecendo de que Jesus veio para dar glória ao Pai em amor. Todas essas pessoas utilizam daquilo que mais necessitam para pintar um Jesus segundo as suas necessidades, ao invés de olhar para o Jesus das Escrituras. Não estou dizendo que Jesus não ama ou não corrige, mas que pensar em apenas uma de suas características pode distorcer completamente quem Ele realmente é. Uma imagem de Jesus retocada pela inconstância da modernidade é uma que não valoriza aquele que “(…) é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas, (…)

continua…..

(texto de Bruno Mota Soares, colaborador do blog)

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