
Você já parou para analisar como Deus atribuiu o seu evangelho? Em 1Co 1:17 Paulo irá nos dizer que “Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho”. Até então, na fala de Paulo, não encontramos nada de novo ou revelador, pois no livro de atos vemos toda sua trajetória de conversão cujo o próprio Cristo o comissiona para tal, no entanto, ele continua: “não com palavras de sabedoria humana, para que a cruz de Cristo não seja esvaziada.” Aprendemos que não só o ato de anunciar o evangelho conta, mas também o modo. E de forma contundente exclama “Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo.”
O Meio é a mensagem, como disse Marshall McLuhan. Ele defendia que a mensagem é próprio meio e o conteúdo que ele carrega são as mudanças comportamentais e sociais que provocam nossos clientes. Para ele, a mensagem está intrínseca ao meio, que são coisas indistinguíveis. São os meios de comunicação que devem ser estudados pois são eles que são a própria mensagem. Outro ponto abordado, é que a maneira de ler a mensagem provoca uma leitura simultânea, ou seja, mostra-se e percebe-se o todo e não só as partes. Por fim, McLuhan diz que o conteúdo de qualquer meio é sempre outro meio (basta vermos o exemplo da internet, é um “meio” que está atuando dentro de outro “meio”, o computador).
Resumindo em outras palavras, a sua mensagem é importante, mas a maneira como você a apresenta irá dizer muito sobre ela. Imagine, por exemplo, que um pregador é convidado para palestrar num fórum altamente renomado e respeitado, onde só doutores tem a oportunidade de falar. O pregador então, se prepara para o evento e chegando lá a audiência que, – não espera nada mais do que a continuação da qualidade exemplar de fórum passados – se depara com um homem de bermuda já bem desgastada e com um rasgo não tão evidente, sandália, camiseta regata e cabelo despenteado. Por mais que a mensagem que o pregador tivesse preparado fosse o melhor de todas os fóruns, ela com certeza não impactará tanto, caso ele estivesse ‘apresentável’ o suficiente. Ou, no caso de uma conferência não tão renomada, desconhecida, pouca audiência, o palestrante se apresentasse com uma Black Tie, paletó com cauda longa, colete, camisa a rigor, bengala, monóculo e cartola, estilo sec. XIX, dizendo: “É um prazer incomensurável, pleitear nesta conferência perante vós… “, com certeza, sua mensagem irá impactar até demais os ouvintes ao ponto de espantar.
McLuhan está apenas ecoando a fala de Paulo. Ora, se o meio é a própria mensagem, e a nossa mensagem é loucura? Por que pensaríamos que o meio é normal? Paulo diz que “agradou Deus salvar aqueles que creem por meio da loucura da pregação” (v21). É comum ouvir entre as igrejas evangélicas que a “nossa mensagem é loucura”, mas “o nosso meio não é tão louco assim”, “o que fazemos não é tão louco assim, o que fazemos é normal”. Deus diz através de Paulo, que o evangelho é loucura, mas a forma como o evangelho é anunciado, também loucura. A mensagem de Deus é loucura e o meio que Deus utiliza é loucura.
Pois poderíamos usar a sabedoria dos gregos e os milagres que os Judeus procuravam (cf. v22), o que seria o suprassumo dos meios eficazes e do conhecimento humano, a maneira mais fácil de alcançar alguém. Mas o que foi que Deus quis? Deus quis usar a pregação, o meio mais fraco, em que o pregador se sente sozinho, falando uma mensagem completamente louca para os ouvidos do mundo. É como se Deus tivesse dito: “Não! Você vai ficar ali, usar a técnica mais absurda de todas, sem se valer de nenhuma técnica do mundo a não ser o Livro, e esse livro vai ser o seu meio de falar”.
Por que Deus faz isso? Para mostrar que tudo está no poder do evangelho, mesmo Paulo sendo um erudito ele diz que não queria pregar “com palavras de sabedoria humana, para que a cruz de Cristo não seja esvaziada.” (v17). É o poder de Deus que traz a luz aquele que vivia nas trevas, “não me envergonho do evangelho, porque é poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê….” (Rm 1:17). Poder de Deus é a resposta certa; não o poder do homem, mas poder de Deus, não na habilidade do pregador, mas sim poder de Deus, não na eloquência do pregador, mas poder de Deus, não a retórica, mas poder de Deus, não na força dos argumentos, das pessoas, nas roupas, estilo, nos status, no reconhecimento, na fama, no dinheiro, influência, conhecimento, na beleza etc… mas sempre em Cristo, Sabedoria e Poder de Deus. (v17).
Que essa mensagem possa penetrar em nossos corações, nos transformar e nos dar ânimo para anunciar o evangelho, pois uma vez que sabemos que não depende de nós, mas de Deus, não há razão para não pregar. Sejamos corajosos e convictos disto.
Até o próximo post…
Ass. Marcos Daniel